sábado, 22 de novembro de 2014


Philae encontrou moléculas orgânicas e gelo duro em cometa.

Em pouco mais de 60 horas de experimentos na 

superfície do 67P/Churyumov-Gerasimenko, módulo 

obteve grande quantidade de dados inéditos sobre este 

tipo de objetos


ESA/GLOBO18/11/2014 16:58 / ATUALIZADO 22/11/2014 19:14



Composição de imagens captadas pela sonda Rosetta mostra o primeiro “quique” do módulo Philae no cometa perto do local originalmente previsto para seu pouso
Foto: ESA
 Composição de imagens captadas pela sonda Rosetta mostra o primeiro “quique” do módulo Philae no cometa perto do local originalmente previsto para seu pouso - ESA

O módulo Philae trabalhou por pouco mais de 60 horas na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (REBATIZADO  como “Chury”), mas o tempo foi suficiente para que ele realizasse quase todos os principais objetivos da missão, obtendo uma grande quantidade de dados inéditos sobre este tipo de objetos. Segundo a Agência Espacial Alemã (DLR), responsável pela operação do Philae como parte da missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA), os experimentos realizados pelos dez instrumentos a bordo do módulo revelaram a presença de moléculas orgânicas no cometa, assim como de gelo duro e altamente compacto pouco abaixo da poeira que recobre seu solo.
- ‘Coletamos uma grande quantidade de dados valiosos que só poderíamos ter obtido por meio do contato direto com o cometa” –- destaca Ekkehard Kührt, diretor científico da DLR. –- “Junto com as medições feitas pela sonda Rosetta, estamos bem avançados em conseguir um melhor entendimento sobre os cometas.  As propriedades de sua superfície são bem diferentes do que imaginávamos anteriormente” .
Último dos instrumentos a ser acionado no Philae na sexta-feira (21/11), num momento em que os cientistas ainda temiam que sua bateria principal se exaurisse antes que ele pudesse enviar os dados, uma perfuratriz forneceu amostras que deveriam ser analisadas por dois minilaboratórios internos, chamados Cosac e Ptolemy, em busca de moléculas orgânicas e informações sobre a composição do cometa. E embora ainda não tenham certeza que estas amostras de sob a superfície tenham sido estudadas, os pesquisadores afirmam que o Cosac detectou moléculas orgânicas na camada superior do solo do cometa, cuja análise e identificação estão em andamento. Segundo eles, os resultados deverão ajudar revelar se os cometas de fato trouxeram para a Terra, e demais planetas do nosso Sistema Solar, parte da água e dos elementos básicos, como aminoácidos, para que a vida se desenvolvesse no nosso planeta e em outros planetas.
Já de acordo com a equipe responsável pelo instrumento Mupus, que martelou um sensor no cometa, o objeto mostrou ser “uma noz dura de quebrar”.
-- “ Embora a força do martelo tenha sido gradualmente aumentada, não conseguimos ir muito fundo sob sua superfície” -– conta Tilman Spohn, do Instituto de Pesquisas Planetárias da DLR e líder do experimento. – “ Obtivemos um tesouro de dados que agora precisamos analisar”.
A noção de que o cometa é composto em grande parte por gelo duro e compacto foi reforçada pelas medições feitas por outro equipamento, batizado Sesame, durante o primeiro pouso e subsequentes “quiques” do Philae no Churyumov-Gerasimenko  (Chury)  até que o módulo finalmente repousou quase na vertical junto à borda de uma depressão no objeto.  Com estas informações, os cientistas já puderam deduzir as propriedades mecânicas do cometa, assim como saber que sua atividade ainda é muito pequena dada a distância que se encontra do Sol, de mais de 600 milhões de quilômetros, ou quatro vezes a da Terra à nossa estrela.
-- “A dureza do gelo encontrado sob sua camada de poeira no primeiro local de pouso é surpreendentemente alta”  – comenta Klaus Seidensticker, também do Instituto de Pesquisas Planetárias da DLR e integrante da equipe de investigadores da missão.
E embora os “quiques” e a posição final do Philae na operação de pouso tenham atrapalhado a missão e levado ao sua precoce suspensão, já que o módulo não está recebendo luz do Sol suficiente em seus painéis solares para carregar as baterias secundárias, os cientistas estão esperançosos de poderem voltar a operá-lo à medida que o cometa se aproxima de nossa estrela e as condições de iluminação do seu local de repouso mudem.
-- “ Estou muito confiante de que o Philae vai retomar o contato conosco e que poderemos operar seus instrumentos de novo” -- conta Stephan Ulamec, gerente do projeto do módulo na DLR. – “ No primeiro local de pouso, teríamos, claro, melhores condições de iluminação pelo Sol. Agora estamos de certa forma na sombra, então precisaremos de mais tempo (para carregar a bateria)”.
Segundo a DLR, o local de repouso na sombra também poderá se mostrar vantajoso com a aproximação do cometa do Sol, já que isso faria com que o Philae não se superaquecesse tão rapidamente ao mesmo tempo em que se beneficiaria de uma melhor captação da energia solar.
 Ainda antes de o módulo ser colocado em hibernação na noite de sexta para sábado últimos (21 e 22/11), os técnicos da agência alemã conseguiram fazer com que ele se movesse um pouco de forma que seu maior painel solar ficasse alinhado com o Sol.   Assim, Stephan Ulamec espera que entre março e maio do ano que vem o Philae possa voltar a ser acionado e realizar mais experimentos.

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