Missão Rosetta constata que a água existente em nosso planeta não tem origem em cometas.
Nova teoria estabelece que ela procede de asteróides.
ESA / Le Monde
13/dez/2014
Um dos principais objetivos
da sonda Rosetta em sua missão de exploração ao cometa
67P/Churyumov-Gerasimenko, era analisar
a água ali existente, e desse corpo determinar se sua composição
era a mesma da Terra. Um resultado positivo ajudaria a reforçar a teoria
de que a água teria sido trazida até aqui por cometas.
A teoria, entretanto, não ficou comprovada.
Um estudo publicado nesta quarta-feira (10/12)
na revista Science mostra que a água
presente no 67P é diferente da que
existe no nosso planeta.
As medições que
levaram a essa conclusão foram feitas pelo instrumento Rosina, a bordo da sonda
Rosetta, composto por dois espectrômetros de massa e um sensor de pressão,
durante os meses de agosto e setembro. Diante do resultado negativo, os
pesquisadores, liderados por Kathrin Altwegg, da Universidade de Berna, na
Suíça, apontam a possibilidade de a água ter vindo dos asteroides.
Estudo — Para chegar a essa conclusão, os cientistas
analisaram a composição da água do 67P. Na Terra, a água é mais comumente
formada por átomos de oxigênio com oito prótons e oito nêutrons em seu núcleo
(o oxigênio 16) e de hidrogênio com um próton e nenhum nêutron. Mas essa não é
a única fórmula encontrada por aqui. A água também pode ser composta por
isótopos (átomos de um mesmo elemento químico que diferem em massa) mais
pesados, oxigênio 18 (oito prótons e dez nêutrons) e deutério, também conhecido
como hidrogênio pesado, com um próton e um nêutron em seu núcleo.
Os instrumentos
mediram a quantidade de deutério em comparação com hidrogênio na água do
cometa, e o resultado encontrado foi cerca de três vezes o valor da
Terra.
“Agora sabemos que
a água do 67P não é igual à da Terra”, afirma o professor do Instituto de
Astronomia e, Geofísica e e Ciências Atmosféricas da USP, Enos Picazzio,. “Mas
a água não é igual em todos os cometas. Esses corpos espaciais podem ter se
formado em várias partes do Sistema Solar”.
Expectativa
Duas “famílias” de
cometas já tiveram a composição da água analisada: (1) aquelas pertencentes
à Nuvem de Oort, mais distantes
do Sol, e (2) aquelas de Júpiter, mais
próximas do astro. Só o 67P, agora, e as sondas Explorer, anteriormente, puderam
aferir in loco a composição das água
existente em satélites de Júpiter – ( VEJA NOSSAS POSTAGENS EM universo-sem-limites.blogspot.com.br e
caminhos-estrelas.blogspot.com.br Nos demais casos, as medições foram
feitas por telescópios.
Quanto aos cometas Hartley
2 e 45/P, que gravitam o planeta Júpiter,
possuem água relativamente parecida com a da Terra. Já a água do cometa 67P revelou-se mais parecida com a dos
cometas da Nuvem de Oort.
“Por hora, a probabilidade mais forte é a
água ter vindo dos meteoritos”, afirma o Professor Picazzio. “Os condritos,
meteoritos rochosos, têm a água mais semelhante à da Terra já observada no
Sistema Solar. Acredita-se que eles sejam fragmentos de asteroides, os corpos
celestes apontados pelos autores do estudo como nova possibilidade de origem da
água Terra. Os asteroides são rochosos, mas contêm água congelada, hidrogênio e
oxigênio”, explica o Professor Picazzio.
Missões futuras
Há uma semana, a agência espacial
japonesa, Jaxa, lançou a sonda Hayabusa 2, que percorrerá
300 milhões de quilômetros para chegar, em 2018, ao asteroide 1999 JU3, com
objetivo de recolher amostras dele. Paralelamente, a Nasa planeja para o
ano que vem o lançamento da OSIRIS-REX, com destino ao asteroide Bennu, para
recolher amostras em 2019.
Quando começou a missão Rosetta?

Em 1993, a Missão
Internacional Rosetta foi aprovada pela Agência Espacial Europeia (ESA, na
sigla em inglês), com o objetivo de programar a expedição a um cometa,
considerado um vestígio dos primórdios do Sistema Solar que continua vagando
pelo espaço. Ela custou 1 bilhão de euros.
Fotografia feita pelo robô Philae mostra um de seus pés no local de pouso na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko - ESA/Rosetta/Philae/CIVA/Reuters
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