domingo, 13 de fevereiro de 2022

 

SONDA SOLAR DA NASA CAPTA 

IMAGENS 

INÉDITAS DE VENUS EM LUZ VISÍVEL


 10/02/2022 12h21, atual


iA sonda solar Parker, da Nasa, além de investigar os ventos solares, também volta seu foco para o planeta Vênus

Imagem: Universidade Johns Hopkins/Divulgação

Nesta quarta-feira (9), a Nasa divulgou que a sonda solar Parker fez uma grande contribuição para a ciência venusiana. Novas imagens da missão focada no Sol, capturadas durante um sobrevoo próximo de Vênus, mostram o planeta em luz visível pela primeira vez. 

 



Segundo a agência espacial norte-americana, com o tempo e uma análise aprofundada, as novas imagens fornecerão informações valiosas sobre a geologia e minerais do planeta. “Combinando as novas imagens com as anteriores, os cientistas agora têm uma gama mais ampla de comprimentos de onda para estudar, o que pode ajudar a identificar quais minerais estão na superfície do planeta”.

Tais técnicas, de acordo com o comunicado da agência, já foram usadas para estudar a superfície da Lua. “Futuras missões continuarão a expandir essa gama de comprimentos de onda, o que contribuirá para nossa compreensão dos planetas habitáveis”.


A Sonda Solar Parker capturou essas imagens de Vênus usando seu instrumento WISPR durante seu quarto sobrevoo, em fevereiro de 2021, mostrando a superfície do lado noturno do planeta. Imagem: NASA/APL/NRL

A câmera de campo amplo da sonda (WISPR, na sigla em inglês) fez imagens de todo o lado noturno do planeta em luz visível, bem como luz infravermelha, revelando continentes, planícies e platôs no planeta encharcado de lava. Além disso, cientistas detectaram oxigênio na atmosfera de Vênus formando um círculo luminoso ao redor do planeta.

Ver a superfície em luz visível não é pouca coisa, tendo em vista que Vênus está permanentemente envolto por nuvens. Essa não é a primeira vez que a WISPR captura imagens do planeta; ela já o tinha feito durante um sobrevoo em julho de 2020, o terceiro da missão.

Uma imagem de Vênus tirada em julho de 2020, pelo instrumento WISPR na Sonda Solar Parker da NASA

Imagem: NASA/Johns Hopkins APL/Naval Research Laboratory/Guillermo Stenborg e Brendan Gallagher

Projetada para captar sutilezas no fluxo constante de partículas que emanam do Sol, conhecido como vento solar, a WISPR também mira Vênus em razão de suas capacidades também funcionarem bem no planeta, não apenas mostrando seus topos de nuvens, mas até mesmo espiando até a superfície. “As nuvens obstruem a maior parte da luz visível proveniente da superfície de Vênus, mas os comprimentos de onda visíveis mais longos, que beiram os comprimentos de onda quase infravermelhos, passam por elas”, explicou a Nasa em comunicado. 

Como a luz vermelha se perde principalmente em imagens à luz do dia, a esperança era que uma observação noturna permitisse que a câmera captasse o calor de Vênus irradiando da superfície. Essa chance veio com um sobrevoo de fevereiro do ano passado, no quarto sobrevoo da missão no planeta, quando a espaçonave passou por ali pela primeira vez à noite.

“A temperatura na superfície de Vênus, mesmo à noite, é de cerca de 460 graus Celsius”, disse o autor principal do estudo, publicado no Geophysical Research Letters, Brian Wood, físico do Laboratório de Pesquisa Naval em Washington. “É tão quente que a superfície rochosa de Vênus está visivelmente brilhando, como um pedaço de ferro puxado de uma forja”.

Segundo Wood, o WISPR captou comprimentos de onda que vão desde o infravermelho próximo (que era visível como calor) até a luz visível, entre 470 nanômetros e 800 nanômetros. Este trabalho se distingue de missões em órbita anteriores, que contaram com observações de radar e infravermelho para olhar para a superfície do planeta.


Cientistas encontram possível evidência de vida extraterrestre em Vênus. 'Fiquei estupefata', diz astrônoma

Presença de gás fosfina, produzido por bactérias que vivem em ambientes inóspitos, na atmosfera do planeta foi descoberta por equipe internacional

O Globo com agências e NYT

14/09/2020 - 12:42 / Atualizado em 14/09/2020 - 21:02


WASHINGTON — Cientistas anunciaram nesta segunda-feira a descoberta de gás fosfina em Vênus, um forte indicador da presença de vida no planeta. As evidências foram publicadas no periódico científico Nature Astronomy. Na Terra, o composto químico é produzido por bactérias que vivem em ambientes com escassez de oxigênio, como é o caso da atmosfera venusiana.

— Eu fiquei muito surpresa. Estupefata, na verdade —  afirmou a astrônoma e professora da Universidade de Cardiff, no País de Gales, Jane Greaves, que liderou os trabalhos.

A existência de vida extraterreste é um dos maiores questionamentos da ciência. A descoberta do gás fosfina em Vênus foi feita por um time internacional de cientistas no Telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí, e confirmado por meio do rádiotelescópio Alma, no Chile. Esta é a primeira vez que este composto é descoberto em um planeta telúrico do Sistema Solar, com exceção da Terra. .

O gás, formado pela combinação de fósforo com três átomos de hidrogênio, é considerado altamente tóxico para seres humanos. A concentração encontrada na atmosfera de Vênus é de 20 partes por bilhão.

Jane explica que os pesquisadores avaliaram possíveis fontes não biológicas, como atividade vulcânica, meteoritos e diversas reações químicas, mas nenhuma pareceu viável. As pesquisas continuarão com o intuito de confirmar a presença de vida no planeta ou encontrar uma explicação alternativa.

Com base no que sabemos sobre Vênus, a explicação mais plausível para a presença do gás fosfina, por mais fantástica que pareça, é a presença de vida — disse Clara Sousa-Silva, portuguesa de 33 anos, co-autora e astrofísica molecular do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA). — É preciso enfatizar, no entanto, que a hipótese de vida (extraterrestre) deve ser encarada como o último recurso. A descoberta é importante porque, se for o caso, isso significa que não estamos sozinhos e que a vida por si só pode ser muito comum. Pode haver vários outros planetas habitados em nossa galáxia.

Vênus é o planeta mais próximo da Terra. É similar em estrutura, embora ligeiramente menor, e é o segundo planeta mais próximo do Sol, enquanto a Terra é o terceiro. A atmosfera venusiana é tóxica e densa e retém o calor. A temperatura na superfície chega a 471°C, o suficiente para derreter chumbo. A pressão atmosférica é 90 vezes maior do que a terrestre.