sexta-feira, 18 de março de 2016

18/03/2016  11h11 - Atualizado em 18/03/2016 11h19

Nasa lança site que permite navegar robô Curiosity em mapa 3D de Marte

Pouso do robô no Marte completa três anos. 
Mapa interativo de Planeta Vermelho é lançado.

Do G1, em São Paulo
O Experience Curiosity permite navegar o robô Curiosity em Marte (Foto: Reprodução/ Experience Curiosity)O Experience Curiosity permite navegar o robô Curiosity em Marte (Foto: Reprodução/ Experience Curiosity)
O pouso do robô Curiosity em Marte completa três anos nesta quinta-feira (6) e, para comemorar, a Nasa lança duas ferramentas online que permitem a qualquer um explorar o Planeta Vermelho. Uma delas, a Experience Curiosity, tem uma interface 3D com “cara” de game que permite ao usuário guiar o robô por um modelo realista do planeta.

O programa simula o terreno de Marte com base nos dados atuais do Curitosity e do satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO). Nele é possível explorar ferramentas do Curiosity e ver Marte através de suas câmeras.

O robô Curiosity pousou em Marte no dia 6 de agosto de 2012, após uma viagem de 567 milhões de quilômetros e quase nove meses. A exploração do robô em Marte constatou, entre outras coisas, emissões de metanonitrogênio fixado em sedimentos e evidências de água líquida. Os cientistas buscam saber se o planeta reunião condições favoráveis para a possibilidade de vida no planeta no passado.

Mapa interativo
Outra ferramenta lançada nesta quinta é o Mars Trek, um mapa interativo de alta definição que oferece detalhes do Planeta Vermelho usando dados de 50 anos de exploração da agência espacial americana.
Mapa interativo Mars Trek mostra detalhes da superfície de Marte (Foto: Reprodução/ Mars Trek)Mapa interativo Mars Trek mostra detalhes da superfície de Marte (Foto: Reprodução/ Mars Trek)
O aplicativo tem ferramentas para medir as características da superfície do planeta e permite imprimir o mapa em impressoras 3D para um modelo físico do planeta. Astrônomos, amantes da ciência e estudantes podem tirar proveito da ferramenta, sugere a Nasa.

De fato, uma equipe de cientistas da agência já está usando o aplicativo para ajudar na seleção de possíveis locais de pouso para o próximo robô da Nasa, que deve ser lançado em 2020. O site também será usado como parte do processo seletivo de candidatos à primeira missão de exploração humana, prevista para 2030.
18/03/2016 12h00 - Atualizado em 18/03/2016 14h39

Marte tem 'córregos' sazonais de água salgada, revela sonda da Nasa

Veios de salmoura se formam em encostas de montanhas em meses quentes.
Descoberta reacende discussão sobre se planeta é habitável por micróbios.

Algumas montanhas de Marte possuem veios estreitos de água salgada líquida escorrendo em suas encostas, revela um estudo divulgado hoje pela Nasa.
Essas formações, que já haviam sido reveladas antes em imagens do planeta, já eram apontadas como possivelmente originadas de salmouras, mas só agora surgiram evidências diretas do fenômeno.
Linhas que aparecem e somem em montanhas marcianas são formadas por água salgada escorrendo, indica novo estudo (Foto: Nasa/JPL/Universidade do Arizona)Linhas que aparecem e somem em montanhas de Marte são formadas por água salgada escorrendo, indica novo estudo da Nasa (Foto: Nasa/JPL/Universidade do Arizona)
Essas "linhas de encosta recorrentes", tal qual foram batizadas pelos cientistas, são faixas estreitas, com menos de 5 metros de largura, que aparecem durante períodos quentes em diversas regiões de Marte. As linhas se alongam durante algum tempo e depois encolhem.
"Elas são faixas escuras que seformam no fim da primavera, crescem no verão e desaparecem no outono", afirmou Michael Meyer, chefe do programa de exploração de Marte da Nasa, em entrevista coletiva para apresentar a descoberta.
Cientistas não conseguiam confirmar a natureza do fenômeno, porque a resolução das imagens das melhores sondas no planeta não permitia fazer imagens nítidas de estruturas tão estreitas.
Linhas recorrentes de encosta formadas por água salgada na cratera Garni (Foto: Nasa/JPL/Universidade do Arizona)Linhas recorrentes formadas por água salgada na cratera Garni, em Marte (Foto: Nasa/JPL/Universidade do Arizona)
A hipótese de que as linhas observadas eram salmoura líquida saiu das temperaturas registradas no local no verão marciano, acima de -23°C. Água com alta concetração de sal, com ponto de derretimento mais baixo, pode existir na forma líquida nessa faixa de temperatura.
As informações obtidas pelos pesquisadores estão de acordo com o espectro de sais minerais hidratados, reforçando a hipótese de que os veios recorrentes são formadas com cristais de sal absorvendo umidade marciana. Estão presentes na solução sais de cloro e oxigênio, como cloratos e percloratos, mas não se sabe ainda se essas substância captam água da atmosfera ou do solo.Um grupo de pesquisadores operando a sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter), porém, desenvolveu um método para contornar o problema das imagens sem resolução. Lujendra Ojha, cientista nepalês do Instituto de Tecnologia da Georgia, e seus colegas conseguiram extrair de imagens com um único pixel os dados espectrais -- separação da luz em diferentes frequências -- capazes de revelar a composição de substâncias.
Vida marciana?
A importância da descoberta está sendo realçada pelo que os cientistas escreveram. "Determinar se água líquida existe na superfície marciana é central para a compreensão do ciclo hidrológico e para o potencial da existência de vida em Marte", esceveu Ojha em estudo publicado hoje na revista "Nature Geoscience".
Linhas escuras em monte no centro da cratera Horowitz, em Marte, atribuídas a água salgada líquida (Foto: Nasa/JPL/Universidade do Arizona)Monte no centro da cratera Horowitz com linhas recorrentes em Marte (Foto: Nasa/JPL/Universidade do Arizona)
Ainda que a existência do líquido em Marte seja uma novidade, diz o pesquisador, não é possível dizer ainda que as condições nos córregos de salmoura temporários permitiria a existência de vida. Na Terra, o centro do deserto do Atacama, extremamente árido, é o único lugar parecido com essas condições onde já se viu vida microbiana.
"Se as linhas de encosta recorrentes se formam como resultado da delinquescência [absorção de umidade] de sais percloratos, elas podem fornecer condições úmidas transitórias na superfície deMarte, apesar de a atividade da água nas soluções de perclorato ser baixa demais para sustentar a vida de tipo terrestre."
A direção da Nasa, porém, foi mais incisiva em destacar a importância da descoberta para a busca de vida fora da Terra. "Isso sugere que é possível que vida exista em Marte hoje", afirmou John Grunsfeld, diretor de missões científicas, em entrevista coletiva.
A perspectiva de uma eventual viagem tripulada a Marte no futuro também precisa ser recalculada. As linhas d'água sazonais se tornam agora candidatas a visitação tanto pelo interesse em se estudá-las quanto como possível fonte de água para abastecer astronautas.
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Imagem feita pelo equipamento indiano mostra o planeta Marte (Foto: Divulgação/Twitter/@MarsOrbiter)Imagem feita por sonda indiana mostra o planeta Marte (Foto: Divulgação/Twitter/@MarsOrbiter)


Reuters
14/03/2016 10h20 - Atualizado em 15/03/2016 06h57

Sonda espacial parte em direção a Marte para buscar sinais de vida

Orbitadora Exomars 2016 atuará em parceira com jipe que chega em 2018.
Missão tentará descobrir origem do gás metano no planeta vermelho.

Da Reuters
Europa e Rússia lançaram nesta segunda-feira (14) uma sonda espacial para buscar sinais de vida em Marte e ampliar as perspectivas de uma missão tripulada ao planeta.
A espaçonave, parte do programa ExoMars, partiu do espaçoporto de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo de um foguete Proton, dando início a uma jornada de sete meses pelo espaço.
A nave levará uma sonda atmosférica que irá estudar traços de gases como o metano, um elemento químico que está fortemente vinculado à vida na Terra, que missões marcianas anteriores detectaram na atmosfera do planeta.
"Por que estamos tão interessados em Marte? Estamos tentando entender como a vida se originou em nosso sistema solar", disse Pascale Ehrenfreund, chefe do comitê executivo da agência espacial alemã DLR, em um evento de lançamento da ESA (Agência Espacial Europeia).
Foguete Proton-M decola no Cazaquistão carregando a sonda espacial ExoMars 2016 para Marte (Foto: Shamil Zhumatov/Reuters)Foguete Proton-M decola no Cazaquistão carregando a sonda espacial ExoMars 2016 para Marte (Foto: Shamil Zhumatov/Reuters)
Origem do metano
Os cientistas acreditam que o metano pode ser derivado de micro-organismos conhecidos como metanogênicos. Essas criaturas podem ter se extinguido milhões de anos atrás e deixado reservas desse gás congelado abaixo da superfície do planeta. Ou, talvez, parte desses organismos ainda esteja viva.
Outra explicação para o metano na atmosfera de Marte é que ele é produzido por fenômenos geológicos, como a oxidação do ferro.
A nave também leva uma instalação terrestre que testará tecnologias necessárias para o uso de um veículo que deve ser enviado em 2018, um passo necessário para superar os desafios práticos e tecnológicos de possíveis voos tripulados a Marte no futuro.
"Tenho certeza de que, em 20 ou 30 anos, chegará o momento no qual os humanos irão ao planeta", afirmou Thomas Reiter, diretor de Voos Espaciais Tripulados e Exploração Robótica da agência espacial.

terça-feira, 1 de março de 2016

Asteroide passará de raspão pela Terra no início de março; Nasa não sabe exatamente quando.

Um asteroide com cerca de 30 metros de diâmetro — e portanto capaz de produzir danos — deve passar de raspão pela Terra nos primeiros dias de março, mas não deve colidir, segundo a Nasa.


Em compensação, a essa altura, o nível de incerteza sobre quando ele vai passar de raspão — e quão perto será esse “quase” — ainda é bem grande. De início, imaginava-se que o objeto, que atende pelo nome 23 TX6801, fosse passar no dia 5, a cerca de 24 mil quilômetros da Terra — menos que duas vezes o diâmetro do nosso planeta e numa região mais interna do que a que abriga a maioria dos nossos satélites de telecomunicação. No futebolês, isso poderia ser qualificado como um “Uhhhh!”.
Outras observações de arquivo levantadas do asteroide, contudo, já sugerem que ele provavelmente vai passar bem mais longe, fazendo sua aproximação máxima só no dia 8, e a cerca de 5 milhões de quilômetros — várias vezes a distância Terra-Lua.
A despeito da incerteza, os cientistas afirmam que não há hipótese de colisão. “Não há preocupação nenhuma sobre esse asteroide — a não ser que você esteja interessado em vê-lo com um telescópio”, disse Paul Chodas, do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato) da Nasa.
(Não se anime nem com isso, contudo: esse asteroide será muito difícil de observar, com toda essa incerteza e com a possibilidade maior de passar muito longe.)
Outros eventos astronômicos do mês  de março


Aliás, março vai ser o grande mês dos eventos astronômicos que você NÃO vai ver. A começar por um eclipse total do Sol que rola na virada do dia 8 para o dia 9, mas só para quem estiver no Sudeste Asiático. E, no dia 14, a Lua vai ocultar Aldebarã, a estrela mais brilhante da constelação de Touro, mas você também não vai ver aqui do Brasil. No máximo, à noite, encontrará a Lua bem pertinho de Aldebarã, o que facilitará a identificação da bonita gigante vermelha.
A 65 anos-luz daqui, Aldebarã já foi no passado uma estrela muito parecida com o Sol, mas é bemmais velha que ele. A essa altura, ela já saiu da sequência principal e está na fase gigante, o que equivale a dizer que esgotou o hidrogênio em seu núcleo. Enquanto consumia elementos maispesados no processo de fusão nuclear, ela inchou até atingir um diâmetro 44 vezes maior que o solar. É basicamente o que vai acontecer ao nosso Sol em mais uns 5 bilhões de anos.
Em um artigo publicado no ano passado, um grupo de astrônomos encabeçado por Artie Hatzes, da Universidade de Iena, na Alemanha, encontrou evidências de um planeta gigante (entre 6 e 7 vezes a massa de Júpiter) com órbita similar à de Marte (45% maior que a que a Terra descreve em torno do Sol) em torno de Aldebarã. A descoberta foi feita com base em análises das variações de velocidade radial da estrela colhidas durante três décadas. Será que Aldebarã, no passado, teve um sistema planetário parecido com o nosso? Pode muito bem ter sido esse o caso.
E o destaque astronômico do mês que os amantes da observação celeste no Brasil poderão de fato ver é o planeta Júpiter, que atinge sua oposição ao Sol no dia 8 e ganha seu brilho máximo, tornando-se ainda mais esplendoroso do que o normal. Em sua aproximação máxima da Terra, no mesmo dia, ele estará a 663,5 milhões de quilômetros de nós (pouco mais de quatro vezes a distância Terra-Sol, cerca de 150 milhões de km).

Na astronáutica, o mês é marcado pelo retorno à Terra do astronauta Scott Kelly e do cosmonauta Mikhail Kornienko, marcado para a primeira hora de quarta-feira (2), depois de uma estadia de quase um ano (340 dias) a bordo da Estação Espacial Internacional. Mais adiante, no dia 14, abre-se a janela de lançamento para o ExoMars Trace Gas Orbiter, satélite da ESA destinado a investigar o mistério do metano em Marte. Será que ele é sinal de vida no planeta vermelho?