Descoberto sistema com sete planetas similares à Terra
Objetos orbitam estrela anã a
distâncias que permitiram existência de água em estado líquido na sua
superfície, condição para abrigar vida como conhecemos
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Ilustração mostra como seria a visão do sistema da superfície de um dos seus planetas centrais: possibilidade de ter água em estado líquido, condição para existência de vida como conhecemos |
Cientistas anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de um sistema planetário a 39 anos-luz da Terra com nada menos que sete objetos provavelmente parecidos com nosso planeta, isto é, relativamente pequenos e rochosos. E mais: os chamados planetas extrassolares, ou exoplanetas, orbitam sua estrela a uma distância em que muitos, se não todos, teriam uma temperatura que permitiria a existência de água em estado líquido na sua superfície, condição vista como essencial para o desenvolvimento ou manutenção de vida como conhecemos.
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Esquema comparativo dos períodos orbitais, distâncias da estrela, raio e massa dos planetas recém-descobertos e os quatro planetas rochosos de nosso Sistema Sola - Nature |
- Este é um
sistema planetário incrível, não só porque achamos tantos planetas, mas porque
eles todos são surpreendentemente similares em tamanho à Terra - diz Michaël
Gillon, pesquisador da Universidade de Liège, Bélgica, e líder da equipe
responsável pela descoberta, relatada na revista "Nature".
Assim, os
sete planetas na órbita da Trappist-1 – designados Trappist-1b, c, d, e, f, g e
h, na ordem de distância da estrela – precisam estar muito perto dela para
estarem na chamada “zona habitável”, em que não estão nem próximos nem longe
demais de modo que recebam calor suficiente para ter água líquida. E, de fato,
o sistema é tão compacto que mais se assemelha novamente ao de Júpiter e suas
chamadas luas galileanas, Europa, Ganímedes, Io e Calisto. Segundo os
cientistas, o primeiro dos planetas leva apenas cerca de 1,5 dias para dar uma
volta completa na estrela, enquanto o "ano" último dura
aproximadamente 20 dias.
- A emissão
de energia de estrelas anãs como a Trappist-1 é muito mais fraca que a do nosso
Sol, então os planetas têm que estar em órbitas muito mais próximas do que as
que vemos no Sistema Solar para que tenham água na superfície - explica Amaury
Triaud, do Instituto de Astronomia de Cambridge, Reino Unido, e um dos
coautores da descoberta. - Felizmente, parece que é este tipo de configuração
compacta que vemos em torno da Trappist-1.
Ainda de
acordo com os cálculos dos cientistas, três dos planetas intermediários do
sistema, Trappist-1c, d e f, recebem uma quantidade de energia de sua estrela
simlar à que banha Vênus, Terra e Marte, respectivamente. Mas isto não é o
bastante para inferir sua habitabilidade, como os próprios Vênus e Marte provam
no nosso Sistema Solar, em que o primeiro é um inferno cuja temperatura na
superfície é capaz de derreter chumbo, enquanto o segundo é em grande parte um
deserto gelado.
Diante
disso, os pesquisadores fizeram simulações de como seria o clima nos planetas.
Estes modelos indicam que os três primeiros objetos do sistema provavelmente
são quentes demais para ter água líquida, exceto talvez em uma pequena fração
de sua superfície. Já o último, Trappist-1h, cuja distãncia da estrela ainda
precisa ser melhor apurada, estaria muito longe e seria frio demais. Mas os
planetas Trappist-1e, f e g estariam confortavelmente dentro da zona habitável
da estrela e podem estar cobertos por oceanos, afirmam.
- Esta
descoberta pode ser uma peça significativa no quebra-cabeça da busca por
ambientes habitáveis, lugares que são propícios à vida - avalia Thomas
Zurbuchen, vice-diretor da Divisão de Missões Científicas da Nasa, cujo
observatório espacial infravermelho Spitzer foi fundamental para a descoberta.
- Responder à questão "estamos sozinhos" é uma das maiores
prioridades da ciência e encontrar tantos planetas como estes pela primeira vez
na zona habitável de sua estrela é um passo notável em direção desse objetivo.
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